sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Lembranças que me fazem chorar.



Não sei porque a melancolia me alcançou hoje.
Corro tanto, tenho dias tão ocupados desde o nascer do sol, até o relógio me avisar que outro dia começa, que não tem como parar e pensar...
Quando paro, leio.
Ontem terminei , com muitas lágrimas, de ler uma história verídica sobre o amor de um homem e um gato. "Pegadas ao luar" de Denis O'Connor, conta a história envolvente de um inglês que salva uma gata da raça maine coon de uma armadilha, porém ela não sobrevive e ele decide ficar com um dos filhotes. Vale pela descrição maravilhosa dos campos e montanhas onde o autor vive,  de seu chalé de pedra e seus jardins. Para mim que amo os felinos (tenho o Fred e a Mila) as aventuras do gato preto e branco, suas aprontadas e o amor que se desenvolve entre os dois , tornou prazeroso cada capítulo. Infelizmente, assim como em Marley e Eu, de John Grogan, histórias verídicas, tem um fim.
Também tive minha história com o Betão, que apareceu como Negão em meu atelier. Olhos castanhos, mansos , doces , implorando um afago , um carinho. Cachorro magro, cansados de maus tratos de um dono insensível. Um dia descobri que seu nome na verdade era Max. Começou a aparecer pontualmente as onze horas, sabia que ali teria água e comida. Em pouco tempo, estava morando em minha casa. Companheiro inseparável em minhas caminhadas, sentia-se feliz só em me ver calçar o tênis, e lá íamos os dois , ele chamando a atenção por seu pelo ser de um negro verdadeiro, brilhante. Muitos pediram para passar a mão para sentir a maciez de sua pelagem, acredito que seria alvo de inveja de muitos cães de raça que não saem dos petshops.Nem sei dizer com precisão quanto tempo durou nosso companheirismo. Mas um dia percebi que sua natural magreza parecia se evidenciar. A veterinária suspeitou de erliquiose, a doença do carrapato além de uma anemia profunda. Nem as vitaminas e os remédios administrados foram suficientes. Precisou de uma internação, novos exames. Porém antes que se fizesse um ultrasom para constatar um possível cancêr, depois de uma noite mal dormida percebi que suas forças se esgotaram. Eu e minha filha, em meio a muitas lágrimas , decidimos pelo sacrifício, para abreviar seu sofrimento . Mas sempre me lembrarei de nossos últimos momentos. Eu aquecia seu corpo gelado com garrafas pet cheias de água quente envoltas em mantas,e acariciava seu pelo já não tão macio como era anteriormente. Ele ergueu os olhos mais uma vez, e com aquele olhar doce parecia me dizer adeus.Quem ama os animais, os gatos e os cachorros sabe do que eu estou falando. Da cumplicidade e companheirismo, do amor incondicional que esses bichinhos sentem por seus donos .Outros animais vêm em nossas vidas, mas eles são insubstituíveis.Quando saio agora caminhar sozinha, pois é impossível levar a Sophia, uma waimaraner  espeloteada e destrambelhada que agora vive comigo , me lembro de nossa última caminhada. Betão já estava doente, quis levá-lo pois sabia o quanto gostava dessas caminhadas noturnas. Mas não fomos longe. Seu passo era lento e pesado, precisei parar umas três vezes, para descansar . Mas valeu como uma despedida e hoje tudo são recordações.
...é, acho que descobri porque  a melancolia me alcançou hoje...

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