terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma festa para os olhos.


Sempre aguardo com expectativa a florescência das árvores em frente ao meu atelier. Já perguntei à muitos para descobrir o nome delas, mas ninguém sabe; pensei em procurar no google, mas por falta de tempo acabou ficando. As " minhas" são idosas, velhas senhoras cobertas de musgo e parasitas que muitas vezes derrubam galhos porque estão apodrecendo( interessante que as conheci criança, num passeio que vim fazer a esta cidade com uma de minhas irmãs, que namorava um rapaz daqui. Com meus novos amigos, corremos pela sombra delas em intermináveis brincadeiras. Por coincidência, hoje moro aqui e meu atelier é nessa praça) .

Mesmo assim, vem o inverno e desnuda seus galhos, que como braços abertos se erguem para o céu. De repente, quase sem que se perceba elas se cobrem de verde e começam a produzir milhares de pequenas flores amarelas que caem ao sopro da mais leve brisa.

Desta vez então, com esta primavera atípica, com este tempo chuvoso de em pleno Novembro, o espetáculo está sendo ainda maior.

Terça à noite, um vento forte soprou e houve uma nevasca, pois as flores são tão leves como flocos de neve que descem rodopiando no ar. Em poucos minutos a calçada, o gramado, os bancos ficaram amarelos, transmitindo uma sensação de festa e alegria. Quando terminou a aula da noite, brincamos na praça com Sofhia, Hanna e Betão nossos cachorros , que vibravam com a liberdade.

Interessante é observar a reação das pessoas que passam. A maioria não as vê, para outros é apenas um incômodo, flores que esmagam sob os pés e sujam a cidade. A dona do imóvel aonde fica meu atelier acha que deveriam ter sido cortadas na reforma da praça: " só servem pra sujar!"

Quanta insensibilidade!

Implacáveis, as velhas senhoras atravessam o inverno cada vez mais quente e aguardam a primavera, quando escrevem melodias silenciosas , poemas em forma de flores que enchem de alegria o ar.

Indiferentes ao que os homens tem feito à natureza, elas continuam cumprindo um ciclo e proporcionando uma festa para aqueles que têm olhos para ver. ( como minha doce Carolina que entendeu que aquele foi um momento especial, grandes presentes da vida veem em pequenas embalagens.)

Bernadeth Rocha

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, Bernadeth! Quanto tempo!
Que bom que voltou, senti falta dos seus textos e das suas pinturas.
Bjo@